Projeto de Extensão III em Engenharia Química: Pontes entre a Ciência, Indústria e Sociedade

Projeto de Extensão III Engenharia Química

O Projeto de Extensão III em Engenharia Química representa um marco decisivo na formação do estudante, transcendendo as fronteiras da sala de aula e do laboratório para imergir no complexo ecossistema da indústria, da inovação e do empreendedorismo. Esta disciplina, estrategicamente posicionada nos períodos finais do curso, tem como propósito fundamental consolidar o conhecimento teórico-prático através da sua aplicação em desafios reais, funcionando como uma poderosa alavanca para a integração entre a universidade, o setor produtivo e as demandas da sociedade.

A premissa central do projeto reside no entendimento de que a Engenharia Química moderna vai muito além dos processos industriais tradicionais. Ela é uma ferramenta de transformação social, capaz de gerar inovação tecnológica, fomentar a sustentabilidade econômica e ambiental e criar soluções que elevem a qualidade de vida das comunidades. A extensão universitária, neste contexto, é o catalisador que acelera esta transformação, permitindo que o aluno vivencie, na prática, o ciclo completo de um projeto de engenharia – da identificação de uma necessidade à concepção, desenvolvimento, implementação e avaliação de uma solução técnica e economicamente viável.

O objetivo geral do Projeto de Extensão III é capacitar o futuro engenheiro químico a liderar iniciativas de base tecnológica que conectem o saber acadêmico às necessidades do mercado e da sociedade, desenvolvendo competências que abrangem desde a gestão de projetos e a análise de viabilidade técnica-econômica até a comunicação efetiva com diferentes públicos e a compreensão do impacto social da sua atuação.

Para operacionalizar esta visão, são estabelecidos os seguintes objetivos específicos:

• Identificar oportunidades de aplicação de processos químicos e biotecnológicos para resolver problemas concretos em micro e pequenas empresas (MPEs), comunidades ou setores específicos da economia local.

• Desenvolver e otimizar produtos, processos ou serviços de base química, aplicando princípios de green chemistry (química verde) e engenharia sustentável para minimizar waste generation e impacto ambiental.

• Elaborar projetos de viabilidade técnica e econômica, inclu dimensionamento de equipamentos, estimativa de custos de capital (CAPEX) e operacionais (OPEX), e análise de rentabilidade.

• Implementar soluções piloto ou em escala real, gerenciando recursos, prazos e equipes, sempre em conformidade com normas de segurança, qualidade e meio ambiente.

• Promover a transferência de tecnologia e conhecimento através da capacitação de empreendedores, colaboradores de indústrias parceiras ou membros da comunidade.

• Documentar todo o processo em um relatório técnico-profissional de alto nível, comunicando resultados e prestando contas aos stakeholders envolvidos.

A metodologia adotada é eminentemente prática e orientada por projetos, estruturada em etapas claras e iterativas:

1. Imersão e Diagnóstico Tecnológico: Os estudantes, organizados em equipes, são conectados a empresas parceiras (como indústrias de alimentos, cosméticos, materiais ou tratamento de efluentes) ou identificam demandas em comunidades. Realizam uma auditoria técnica para diagnosticar problemas como ineficiência em processos, alto consumo energético, geração excessiva de resíduos ou oportunidades de desenvolvimento de novos produtos.

2. Desenvolvimento da Proposta Técnica: Com base no diagnóstico, as equipes elaboram uma proposta de intervenção detalhada. Esta fase envolve pesquisa, simulações em software específico (como Aspen HYSYS), experimentação em laboratório de prototipagem e o desenho de um plano de ação com metas, cronograma e orçamento.

3. Execução e Implementação: É a fase hands-on do projeto. Os alunos trabalham na planta piloto da universidade ou in loco na empresa parceira para implementar a solução projetada. Isso pode incluir a otimização de parâmetros de um reator, a síntese de um novo biopolímero, a implantação de um sistema de controle de qualidade ou a development de um produto natural a partir de resíduos agroindustriais.

4. Validação e Transferência: Os resultados do projeto são monitorados e validados através de indicadores de desempenho pré-estabelecidos. O conhecimento gerado é formalizado e transferido ao parceiro por meio de manuais técnicos, treinamentos e workshops, garantindo a sustentabilidade da solução.

5. Avaliação e Disseminação: A fase final consiste na análise crítica dos resultados, na elaboração de um relatório final completo e na divulgação dos achados para a comunidade acadêmica e sociedade, potencialmente através de artigos, feiras de inovação ou patentes.

O conteúdo programático é dinâmico e customizado conforme os projetos, mas gira em torno de eixos centrais:

• Gestão de Projetos de Inovação Tecnológica.

• Análise de Viabilidade Técnico-Econômica (AVTE) e Estudos de Caso de Investimento.

• Metodologias para Otimização de Processos Industriais.

• Princípios de Química Verde e Processos Sustentáveis.

• Segurança de Processos e Gestão de Riscos.

• Empreendedorismo Tecnológico e Propriedade Intelectual.

• Comunicação Técnica e Elaboração de Relatórios para a Indústria.

Em essência, o Projeto de Extensão III em Engenharia Química é a arena onde o estudante deixa de ser um aprendiz e assume o papel de um agente de inovação. É o espaço onde fórmulas e equações ganham vida, transformando-se em processos mais eficientes, produtos mais sustentáveis e, ultimately, em benefícios tangíveis para a indústria e para a sociedade, solidificando a indispensável contribuição do engenheiro químico como um piloto da evolução tecnológica consciente e responsável.